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segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

O outro lado da moeda: Ciência e Espiritualidade de mãos dadas


Entrando no campo científico e literário podemos citar o escritor britânico Richard Barrett que em seu mais recente livro – Criando Organizações dirigidas por Valores: Uma Abordagem Sistêmica para a Transformação Cultural – demonstra que aumentar a lucratividade, o desempenho e o nível de competitividade das organizações não está em desacordo com o seu papel de catalisador dos sonhos de seus funcionários (realização pessoal) e de cidadão responsável pelo bem estar da comunidade ou sociedade (responsabilidade social). Ao contrário, na medida em que compreendemos que as organizações funcionam como organismos vivos, reconhecemos que elas são dirigidas pelas mesmas forças que impulsionam os indivíduos em seu processo de evolução. E que a sustentabilidade – uma tradução integral e sistêmica do antigo conceito de sucesso ou crescimento – só é possível quando a organização se dispõe a satisfazer todas as suas necessidades – físicas (estabilidade financeira), emocionais (criar relacionamentos harmoniosos com funcionários e clientes e aperfeiçoar sistemas e processos), mentais (incentivar a participação, inovação e a renovação) e espirituais (alinhar as ações com o propósito e estar a serviço do bem comum).
Para criar esse tipo de organização, Barrett desenvolveu, num primeiro momento, um modelo teórico com base na hierarquia das necessidades de Abraham Maslow, que ele chamou de modelo de “Sete Níveis de Consciência”. Esse modelo permite compreender como pessoas, líderes e organizações evoluem, quais são as características e desafios de cada estágio desse processo, e como é possível sustentar o processo de evolução.
Num segundo momento, desenvolveu uma série de ferramentas para medir o nível de consciência de indivíduos, líderes, equipes e organizações (e mesmo instituições educacionais, governamentais e nações). Com base nesses resultados é possível medir em que estágio de desenvolvimento indivíduos, grupos e organizações se encontram no momento, e como eles gostariam de funcionar e se comportar no futuro. Essa tensão criativa entre o estado atual e o futuro, de acordo com o referencial dos “Sete Níveis de Consciência”, permite uma compreensão de quais são os desafios de evolução, o que facilita a criação de planos de ação e de desenvolvimento customizados que atendam às necessidades e possibilidades de cada entidade específica.
Para ele quanto mais altos os valores de uma organização, mais espiritualizada ela é. Veja como é esta classificação dos 7 níveis na imagem abaixo:



Se uma empresa possui muitos valores organizacionais nos três níveis inferiores, podemos dizer que esta empresa está muito focada em atender as necessidades básicas, dela própria e de seus funcionários. E se nesses valores vividos na empresa encontramos limitações como “controle, excesso de horas de trabalho, foco de curto prazo, burocracia, autoritarismo, complacência, corrupção e manipulação”, podemos afirmar que esta empresa possui uma cultura focada no curto prazo. Então o medo é um sentimento constante das pessoas que nela trabalham.
Já as empresas que possuem valores organizacionais distribuídos nos quatro níveis superiores, podemos dizer que são empresas que possuem altos níveis de espiritualidade. Do nível quatro para o nível sete não existem valores limitantes e, portanto, não existe medo e sim amor instalado na cultura organizacional. Quando o medo deixa de existir, as pessoas trafegam numa frequência mais leve, amistosa, as relações interpessoais são muito valorizadas e as pessoas se sentem felizes trabalhando para esta empresa.
Porém, uma empresa que possui apenas valores “elevados”, ou seja, de nível quatro para o nível sete, pode não estar conectada à realidade do mundo capitalista, que é tão focado em resultados, e onde o sucesso de uma empresa é determinado pelos números positivos ao final de cada período. Por isso, essas questões ainda parecem um tanto ilusórias.
Então a indicação consultiva é que as empresas elevem seus níveis de espiritualidade, mas mantenham também valores de sustentações saudáveis nos níveis um, dois e três.  Aí teremos uma empresa com o que chamamos de “Cultura Organizacional de Espectro Total”. A empresa estará preocupada em gerar sustentação em todas as cadeias de valores, cuidando da saúde integral de seus colaboradores, geração de negócios sustentáveis, rentabilidade do ponto de vista financeiro, e consequentemente estará assegurando sua longevidade – deixando um legado para as futuras gerações.
A eliminação de valores limitantes é o passo inicial para se começar a espiritualização de uma empresa. Já a elevação dos valores organizacionais deve ser uma meta contínua. Não acontece de um dia para outro. Todos os dias a liderança deve dar um passo a frente neste sentido. É tarefa de a liderança fazer esta transição. Levar a empresa do medo ao amor, do nível mundano para o espiritual, da incerteza para a longevidade.
Não importa onde a empresa esteja ou como ela é. O fato é que em empresas espiritualizadas veremos “colaboradores” no sentido literal da palavra. As pessoas deixam de ser empregados e passam a ser vistas como o bem mais precioso da organização (o capital humano), pois afinal, os valores organizacionais são definidos pelo conjunto de valores de seus funcionários, e não o contrário.
As estatísticas mostram que isto é uma realidade. Hoje já são mais 1200 empresas mundo afora que podem contar sobre suas trajetórias para o caminho do sucesso através da elevação da espiritualidade.
Que juntos possamos trabalhar para um mundo melhor, com menos desigualdade, menos prepotência, menos injustiça e mais valores humanos, sabedoria, criatividade, paz, justiça social e amor.

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